quarta-feira, 13 de julho de 2011

Administração, dívidas e balanço patrimonial do Grêmio

A possível venda do zagueiro/lateral esquerdo Neuton para a Udinese da Itália fez com que eu refletisse acerca de alguns fatos que me intrigam no Estádio Olímpico. Quase sempre que a atual direção é indagada acerca de valores e prestação de contas, a resposta geralmente gira em torno de “trata-se de assunto de economia interna do clube” ou “não vou falar sobre valores”.

No entanto, já li na imprensa pelo menos 5 valores diferentes a respeito da venda do Neuton, o último e único que me agradou, foi o divulgado ontem no CLICRBS: “Dono de 55% dos direitos econômicos do jogador, o clube ficará com 1,3 milhão de euros (R$ 2,9 milhões).”

A mesmo nebulosidade ocorre quando há uma renovação ou contratação de jogador, pois não são divulgados valores, custos e despesas com a contratação de maneira transparente, até mesmo para que o torcedor possa avaliar o custo-benefício da referida transação.

É necessário maior transparência nas administrações, principalmente na atual. Não sou daqueles que entro na onda de agredir verbalmente o presidente, mas o fato é que os vacilos dessa gestão estão maculando feitos anteriores de Paulo Odone, os quais nem preciso citar porque ele certamente lembrará deles no próximo jogo. Todavia, o dublê de Antônio Fagundes já sofreu vários reveses este ano, cito apenas alguns: (1) caso Ronaldinho R$ (R cifrão); (2) saída de Jonas sem reposição no ataque para a Libertadores – vale lembrar que Odone foi passar o Reveillon em Punta del Este em meio aos momentos cruciais dos itens 1 e 2; (3) inacreditável perda do Gauchão e saída precoce da Libertadores; e (4) demissão de Renato. Cito ainda a não renovação do contrato do lateral Fábio Santos que, após não ter conseguido um contrato no exterior, não foi aceito no Olímpico.

Segundo a Divisão EEsporte Negócio da Parker Randall Auditores Independentes, cujo estudo foi publicado no site do Globo Esporte, o endividamento do Grêmio vem crescendo assustadoramente e, em 2010, chegou ao patamar de 133,5 milhões de reais, dos quais 26,6mi são decorrentes de empréstimos, 84,1mi referem-se a dívidas fiscais e 22,8 dizem respeito a débitos cíveis e trabalhistas.

Grêmio 2006 2007 2008 2009 2010
Empréstimo 6,1 21,6 14,3 23,6 22,8
Fiscal 33,5 67,6 73,5 79,4 84,1
Cível/Trabalhista 41,1 18,6 28,1 13,7 26,6
Total 80,7 107,8 115,9 116,7 133,5

Pelo quadro acima, verifica-se que o endividamento do Grêmio saltou de 80,7 milhões de reais em 2006 para 133,5mi em 2010.

Para não dizer que estou criticando apenas a atual direção, traço um estudo do balanço patrimonail do clube nos anos de 2009 e 2010 e no primeiro trimestre de 2011. Para quem quiser conferir, os balanços estão disponibilizados no site oficial do Grêmio.

Segundo balanço do primeiro trimestre de 2011, do valor devido R$ 84.210.819,00 referem-se à Timemania e, graças ao jeitinho brasileiro, serão cobrados a longo prazo. Pelo mesmo balanço, verifica-se que as dívidas com instituições financeiras cresceram de 23,7 milhões em dez/10 para 29,8 mi em março de 2011. O Grêmio, apenas nos três primeiros meses de 2011, já gastou com o departamento de futebol profissional dentre remunerações, encargos, luvas e outras bonificações, 18,5 milhões de reais, o que gira em torno de uma folha de 6 milhões mensais. No mesmo período do ano passado, a folha do futebol profissional era de 13,8 milhões, mais ou menos 4,5 milhões por mês que, por sinal, já era alta para o time que tínhamos. O Grêmio acumula um déficit de R$ 11.145.639,00 no primeiro trimestre de 2011 contra um superávit de R$ 1.244.482,00 no mesmo período do ano passado, mesmo que tenha havido um aumento interessante em royalties neste ano (de 794 mil - jan a mar/10 - para 2 milhões e 239 mil reais no primeiro trimestre deste ano) e de receitas provenientes da Loja Grêmio Mania (de 600 mil no primeiro trimestre do ano passado para 845 mil neste ano).

O mais alarmante é que o patrimônio líquido do clube, que era de 21,8 milhões de reais no fim do ano passado, hoje é de apenas R$ 10,7 milhões. Analisem os dados e reflitam. Ano passado já contamos com um déficit de 29,3 milhões de reais com a enfadonha administração do utopista Duda Kroeff, aonde vamos parar neste ano?

O fato é que o Grêmio está sendo mal administrado há vários anos e, este ano, conta com uma das folhas de pagamento mais altas do Brasi. A venda de um grande jogador está fazendo falta no modelo de gestão adotado pelo Grêmio. É verdade que houve um alívio nas contas com a saída de Renato Portaluppi, que recebia mais de 400 mil reais mensais, e, se concretizada, a venda de Neuton vai reduzir um pouco o passivo. No entanto, com esse custo no elenco, não podemos almejar nada aquém da classificação à Libertadores.

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