quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A atrevida das laranjeiras


Tarde de domingo, fria, com um vento gelado, convidava Miromar a ficar em casa. Só uma coisa podia fazer aquele alfaiate de 30 e poucos, sair do sossego do seu lar. Uma promessa.
Miromar, já havia combinado com seu primo Almiro, auxiliar de almoxarifado, de levá-lo a conhecer a cidade. Vindo do interior, Almiro era aquele primo, como se diz, “a rapa do taxo”, filho temporão da irmã da mãe de Miromar.
O guri nunca tinha vindo pra capital, era tímido, já tinha alcançado a maioridade, mas por sua timidez, a única mulher com quem tinha conversado por mais de 20 minutos era a senhora dona do cortiço onde morava.
Assim que chegou, o guri embasbacado com os prédios da capital, nem percebeu a chegada de Miromar, que lhe deu um susto, fingindo tentar roubar a mala de Almiro, com um forte puxão. O rapaz, num pulo e contra puxão a investida do primo, se recompõe, mas a cara de cagaço continuava. Miromar abre uma gaitada e estende a mão pra cumprimentar o guri cagão do interior.

- E aí primo, pelo jeito vamos ter que passar lá em casa pra trocar tuas cuecas.
- Porra Miro, só não morri do coração porque sou novo ainda, puta que pariu, cara.
- AHAH, não esquenta, tira essa cara de cagão da cara, que vou ti apresentar a cidade. Mas antes vamos passar em casa deixar tua mala e pegar um chimarrão.

O guri se recompôs do susto, ajeitou a camisa xadrez em tons de azul, presente de sua mãe, e saiu andando. Passaram na casa de Miromar deixaram as malas em casa pegaram a térmica e o chimarrão e sairam logo em seguida, levou o moleque pra beira do rio, mostrou o por do sol da cidade, falou que no mundo não tinha por do sol igual.
Lá, Almiro fixou os olhos e congelou. Miromar, percebeu a reação do guri e disse:

- É Almiro, é de cair o queixo esse por do sol. E o moleque nada, ali congelado.

Foi quando o Miromar percebeu, o moleque tava era de olho numa moça, bem, uma bela moça!

Morena, cabelos ondulados, 1m70cm, pernas torneadas usando um sapato salto alto fechado, mas aberto na frente que mostrava os dedos dos seus pés, saia na cor grená bem acinturadas num quadril afinado, com comprimento que cobria suas coxas e deixa as pernas a mostra, dois dedos acima do joelho.
A moça mostrava levemente o adomem, não chegava a deixar o umbigo de fora, mas era suficiente pro guri começar a fantasiar.
A blusinha da morena era baby look verde escuro, de botões e ela, pra provocar, deixava até o 3º botão aberto, aparecendo discretamente seus seios, nem grandes, nem pequenos, descobertos.

Ainda esbasbacado com a beleza da morena, Miromar da um leve tapa na nuca do guri e fala:

- Ei Almiro, lá no interior não tem guria bonita não?
- Olha Miro, até tem, mas igual a essa, linda e desinibida, acho que não.
Falou gaguejando o piá.
- É primo, vou ter que concordar que mesmo pra capital, ela tá bem saliente. Mas guri, porque tu não ti aproxima e pergunta o nome dela e se ela e dessas bandas.
- Eeeeuu, tu, tu, tá louco.
- Que é moleque não gosta da fruta.
- Ô Miro, gosto, muito, só nunca descasquei uma, nem a mais mixa do pé.

Nessa hora a morena, olha pros dois, busca alinhar os olhos nos de Almiro, da um leve sorriso, ajeita o cabelos que pelo movimento, tapou seu olho esquerdo, mas já o recompõe atrás da orelha e volta a olhar o por do sol.
Miro, mais experiente, nota que a guria deu a deixa e diz:

- Então deixa de ser cagão, vai lá e fala com ela, aproveita e oferece um chima pra ela. Isso sempre puxa conversa.
- Tá eu vou peraí, deixa eu criar coragem.

O guri respirou fundo, tentou enxugar as mãos molhadas de suor atrás das calças vai a passos tímidos em direção a ela. E quando estava quase nela, ela olhou pra ele e o guri, baixou a vista pro chão e ia passando reto quando ouviu.

- Oi, isso é chimarrão?

Almiro congelou, nem respirar, respirava, quando pensou, já estava tropeçando em uma pedra e quase derramando a cuia, mas antes do desastre, a morena segurou o braço do guri cabaço e não o deixou cair no chão.

- Calma, garoto, não vai deixar cair, antes de eu provar.

Almiro, meio abestalhado ainda, tentando se ajeitar, notou que o sotaque da guria não era do estado, olhou de baixo pra cima, e balbuciou:

- Tu não é daqui né?
- Oi? que foi que você disse garoto?
- É, ãã, eu perguntei se você não é daqui

Ainda falando com a voz tremula.

- É, não sou não, sou da cidade maiisss linda e charrrmosa deste Brasil, sou do Rio. E aí vai deixarrr eu provarr esse chimarrão?
- Cla, cla, claro, peraí que eu vou encher pra ti. 

Ainda envergonhado, o guri, só olhava pra baixou, notou uma rosa bem desenhada e delicada tatuada no tornozelo da moça.
- Tomá, cuidado que a água é quente viu. 

Ela pegou a cuia com vontade, segurou firme, a pulseira com pequenos penduricalhos, chamou atenção do guri, nisso ele acompanhou o movimento do braço da guria, viu que ela puxou pra perto do peito, nisso os olhos de Almiro corriam naqueles belos seios, e subiram lentamente, até chegar a boca da carioca, carnuda e com um batão vermelho morango, chupando aquela bomba de chimarrão com mais vontade do que quando segurou firme e forte a cuia do guri.
Almiro, parou, ali, na boca dela, ela sorveu o mate e rapidamente, chiou...

- Ai, é quente mesmo, assim, foi rápido, porque é quente demais pra mim.

Almiro em êxtase pelo ato da morena, perguntou

- Mas você não gostou ?
- Gostei, disse ela, só não esperava que fosse tão quente, tó, acho que vou deixar o resto pra ti tomar sozinho.

- Mas você nem provou direito, já terminou?

Almiro, já desesperado, achando que a conversa ia ficar por ali. Rapidamente, pra não deixar ela ir embora perguntou:

- Mas guria, o que você faz por aqui, e sozinha?
- Eu não tô sozinha, vim com meu tio Abel. Ele foi buscar um refrigerante pra gente num amigo que mora aqui perto, só não acompanhei ele porque o amigo dele é meio estranho, gosta de macacos e tem uma porção lá.

Continuando ela emenda:

- Me chamo Branca, prazerrr, e o seu, qual é?
- Almiro, prazer.

Nisso o guri, dá uma olhada para o primo, que olhava de longe a cena, faz um gesto com a cabeça, sorri e volta a conversar com a Carioca.

- E aí gostando daqui?
- Alcir, né?
- Não, Almiro.

- É verdade, Almiro,desculpa viu, mas respondendo a tua pergunta, eu sou do Rio de Janeiro, então, se é pra comparar, aqui é frio e monótono, pelo jeito a única coisa quente por aqui é esse chimarrão.
- O guri mesmo sendo novo, ficou nervoso com a "tirada" da carioca, e por um segundo, esquecendo da beleza estonteante que estava diante dele disse:
- Bah guria, não precisa chineliar, né?
- Chineliar, que isso garoto? É assim que você fala com as mulheres aqui no sul?
- Não, não peraí... desculpa é só um gíria daqui. Quer dizer: Bah não exagera, né?
- Bah! acho uma graça vocês falando bah! 

Ri a carioca, bem descontraída.

- Mas diz pra mim então, tem alguma coisa que tu gosta daqui? 

Pergunta Almiro, e ela logo responde:

- Guria
- Que? guria? vai me dizer que você gosta de guria...

Pergunta Almiro inocentemente.

- Ai garoto, você é bobo mesmo, ahaha gosto de ouvir "guria", acho forte e másculo, você falar guria...
Almiro, ainda mais encabulado, não sabia o que fazer, quando Branca, aquela morena escultural, olha pra ele e fala:
- Almiro, tem outra coisa que gosto mais que ouvir “guria”
- É? e qual é?

pergunta o guri mais muito sem jeito.

- É de beijo. Um bom e belo beijo...

Almiro, que não conseguia encarar a moça por 5 segundos, depois de ouvir aquilo, como se por um encanto, olhou fixamente nos olhos cor de mel da morenassa, desceu o olhar até lábios, puxou a guria pra perto, e investiu em um beijo. Ela tentou disfarçar, mas foi ela que tinha provocado, ela que queria, então se entregou ao beijo do guri do interior. Ele com muita sede, beijou à forte, ela gostou, mas mais experiente, segurou o rosto do garoto, levemente afastou seus lábios dos dele e tomou a iniciativa, beijou suavemente e por um bom tempo, quando o garoto estava perdendo o folego, ela foi lentamente afastando sua boca e sugando o lábio inferior do guri, como havia chupado a bomba de chimarrão e só parou, quando os lábios dele soltou-se dos dela.

Sem folego e sem palavras, o guri, tentou buscar um ar, tentou falar e quando, quase recuperado, ia dizer algo, ela o interrompeu, com o dedo indicador esquerdo, colando os lábios descontrolados do garoto. e disse:

- Almiro, esse chimarrão é mesmo bom, eu vou, pois meu tio Abel está vindo, mas se você quiser, tem mais, lá no Rio tá, anota meu endereço, Rua Álvaro Chaves número, 41 – Laranjeiras, Rio de Janeiro, gravou?
- ahamm
Embasbacado o guri.

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